sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Descrição

Ana, menina de beleza incomparável e olhar triste, características bem oposta. Todos tentavam descobrir o porquê de ela ser tão fechada e tentar se mostrar a mais forte na maior parte do tempo, era madura em casa, mas ao mesmo tempo se mostrava rebelde, chorava escondido no quarto, o travesseiro e as portas eram quem mais sofria com sua ira.
Um jogo de opostos era a melhor definição pra sua personalidade, forte e sensível. Seu maior medo era a perda, perder realmente não é fácil, principalmente quando se ama, tinha problemas com rejeição, é claro que não deixava isso transparecer e por incrível que pareça ninguém nunca notou os seus pontos fracos e as suas inseguranças, ela havia se tornado uma muralha de pedra, uma muralha de concreto, uma muralha da china.
Era aluna do ensino médio, e uma das atividades propostas pelo seu professor foi uma declaração em forma de descrição, todas as suas colegas escreveram sobre namoradinhos, paqueras, etc. A descrição de Ana chamou muito a atenção de seu professor Eduardo, que era uma figura muito respeitada e admirada por ela.
O professor ficou emocionado com as palavras escritas naquele papel pardo, que tinham exatamente essas letras:

“Um homem, lindo, forte, protetor, amigo, conselheiro, presente em todos os momentos essenciais de minha vida. Acompanhou meu nascimento, meus primeiros passos, minhas doenças, me deu carinho, me educou e castigou quando necessário.

Viajamos juntos, fizemos passeios, almoçamos , tomamos café e até dormir ele dormiu comigo. Me ninou quando ainda era bebê , fez minhas maiores vontades de pré- adolescente.
Infelizmente no décimo segundo ano dessa convivência linda e harmoniosa a vida nos preparava uma triste surpresa e ele me deixou não por querer, mais por que Deus resolveu chamá-lo.
Foi muito difícil tentar aprender a viver sem a presença dele sem seus abraços, beijos e carinho.
Apesar de tudo ele nunca deixou de fazer parte de mim afinal tenho 23 cromossomos dele e seu DNA é presente em mim.
O que ficou foi a falta, a saudade, as boas lembranças. Os momentos juntos são eternos e infinitos.
Pai te amo!E nunca me esquecerei de você!”

A cada frase lida pelo professor as lagrimas corriam pelo seu rosto, tudo aquilo era tão intenso vindo de uma menininha tão nova e indefesa, sentiu um aperto no coração e quando começou a refletir pode entender que por trás de beleza existe sofrimento, Ana era uma linda rosa com espinhos e a vida a fez assim.


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